Não tenho complexo de inferioridade. É ele que me tem, ensina Jung. A causa mais frequente da origem dos complexos é o Conflito. A psicanalista junguiana Kátia Carrijo explica isso. Veja a seguir.
(Por R. Estevam)
Nas nossas vivências do dia a
dia, frequentemente reagimos às circunstâncias da vida com base em nossas
emoções, demonstrando uma super-reação. Ela pode ser ilustrada com as cenas de
violência vistas nos meios televisivos, nos jornais, no trânsito, em casa e no
trabalho e é muito comum nos dias atuais. Essas ocorrências estão muito
relacionadas a questões ligadas aos Complexos e Arquétipos, os quais dão
direção à nossa psique e à nossa vida.
Qual é a verdade de cada um nisso? Se eu não me conheço, como quero
crescer em espiritualidade e em moralidade?
A psicanalista
junguiana Kátia Carrijo, com base nos ensinamentos do psiquiatra e psicoterapeuta
suíço Carl Gustav Jung e de outros autores, sobretudo espíritas, tais como
Joanna de Ângelis, em sua série Autoconhecimento,
estudou bem as estruturas da nossa psique. Ela explica como é necessário que o
homem busque tornar-se mais consciente, pois é através de uma consciência
ampliada que se torna possível captar e perceber a realidade espiritual. A
inconsciência afeta o livre arbítrio e o bem-estar de todos nós.
Suas palestras são feitas todas as
segundas quartas-feiras do mês, na Comunhão Espírita de Brasília, seguindo o
tema “Mundo Interior – Autoconhecimento”. Em toda quarta-feira há uma palestra
de um representante da Associação Médico-Espírita (AME-DF).
A junguiana Kátia disse, na última palestra, que
precisamos “rastrear” nossas ações, pois sempre que alguma emoção nos domina, é
sinal de que algum complexo foi ativado. Enquanto não estivermos conscientes de
nossos Complexos, estaremos sob o seu poder, sujeitos às reações mais
irracionais. Saber sobre essas espécies
de infiltrações na nossa mente nos faz pensar em quais recursos buscar para
estar mais consciente, ajuda-nos a saber lidar com suas influências que, muitas
vezes, desequilibram a conduta física, emocional, ética e até econômica de cada
um.
Usando a
imagem do Iceberg como exemplo, podemos entender que a parte que fica na
superfície refere-se à Consciência, tendo como centro o Ego. É pela Consciência
que podemos encontrar um sentido. Já a parte submersa do Iceberg representa o
Inconsciente. É o consciente que deve compreender as manifestações do
inconsciente, apreciá-las e tomar uma posição com relação a elas. Carrijo nos
lembra de que um bom exercício para nos tornarmos conscientes são os estados de
atenção, de observação e de registro do que acontece dentro de nós e ao nosso
redor.
Os principais complexos são o
Complexo Materno e o Paterno. Contudo, há uma infinita variedade deles, como os
de inferioridade, de superioridade, de rejeição, de abandono, de poder e tantos
outros. Com relação a eles, sabemos que foram ativados quando nos irritamos com
a presença de alguém ou ruborizamos e choramos em certas situações de
perturbação, sem conseguirmos conter tais emoções. “É dos complexos que
dependem o bem-estar ou a infelicidade de nossa vida pessoal”, coloca Carrijo
citando Jung em “A Natureza da Psique”.
-
Costumamos dizer “eu tenho um complexo de inferioridade”. Jung nos corrige
ensinando que nós não “temos” um complexo; o complexo é que nos “tem”, adverte
a psicanalista, pois somos dominados por ele.
- E como identifico um complexo? – indago.
- E como identifico um complexo? – indago.
- Pelos sinais de perturbação da consciência. A causa mais frequente da origem dos complexos é o Conflito. Quando nossos pontos sensíveis são tocados, reagimos de forma inconsciente e altamente emocional. Os complexos são como os nossos órgãos feridos, que reagem rápida e intensamente aos estímulos e perturbações externas.
Inconsciente Pessoal e Coletivo
Os complexos, os quais estão ligados ao Inconsciente
Pessoal, representam as experiências pessoais no decorrer de nossas vidas. Todo
complexo tem no núcleo um Arquétipo.
Os arquétipos estão dentro do Inconsciente Coletivo e equivalem às experiências da coletividade ao longo da história da humanidade. Jung ensinou que não nascemos papéis em branco e afirmou que o ser humano já nasce preparado para as experiências da vida do mesmo modo que os pássaros estão, de maneira inata, prontos para construir ninhos.
Os arquétipos estão dentro do Inconsciente Coletivo e equivalem às experiências da coletividade ao longo da história da humanidade. Jung ensinou que não nascemos papéis em branco e afirmou que o ser humano já nasce preparado para as experiências da vida do mesmo modo que os pássaros estão, de maneira inata, prontos para construir ninhos.
Citando
Joanna de Ângelis, a psicanalista nos conta que “o processo da reencarnação
explica a presença dos arquétipos no ser humano, porque ele é herdeiro das suas
próprias realizações através dos tempos”.
Resumindo, os arquétipos, presentes no Inconsciente Coletivo, são uma característica comum a todos homens e mulheres e não ocorrem individualmente, como os complexos. Eles contêm toda uma herança espiritual da evolução da humanidade. Já nascemos com eles, são possibilidades.
“Todos nós possuímos uma predisposição para desempenhar papéis como mãe, filho, irmão, amigo, professor, aluno” entre outros, observa. Citando Hillman sobre os arquétipos, Carrijo nos afirma: “Nós nunca somos apenas pessoas; somos também, sempre, mães, gigantes, vítimas, heróis, deusas” e tantos outros.
Sobre minha indagação, novamente, de como um arquétipo pode ser ativado, ela cita o exemplo da experiência do Materno. Todos nós somos criados com uma imagem pré-formada de Mãe e, no nascimento, a experiência positiva ou negativa com a nossa mãe comporá a nossa realidade, ditando assim o nosso comportamento. Um bebê, ao mesmo tempo em que vivencia o arquétipo da Grande Mãe no contato íntimo com a própria genitora, vai desenvolvendo seu complexo materno, o qual reunirá todas as emoções e experiências desse relacionamento com a sua mãe.
Resumindo, os arquétipos, presentes no Inconsciente Coletivo, são uma característica comum a todos homens e mulheres e não ocorrem individualmente, como os complexos. Eles contêm toda uma herança espiritual da evolução da humanidade. Já nascemos com eles, são possibilidades.
“Todos nós possuímos uma predisposição para desempenhar papéis como mãe, filho, irmão, amigo, professor, aluno” entre outros, observa. Citando Hillman sobre os arquétipos, Carrijo nos afirma: “Nós nunca somos apenas pessoas; somos também, sempre, mães, gigantes, vítimas, heróis, deusas” e tantos outros.
Sobre minha indagação, novamente, de como um arquétipo pode ser ativado, ela cita o exemplo da experiência do Materno. Todos nós somos criados com uma imagem pré-formada de Mãe e, no nascimento, a experiência positiva ou negativa com a nossa mãe comporá a nossa realidade, ditando assim o nosso comportamento. Um bebê, ao mesmo tempo em que vivencia o arquétipo da Grande Mãe no contato íntimo com a própria genitora, vai desenvolvendo seu complexo materno, o qual reunirá todas as emoções e experiências desse relacionamento com a sua mãe.
Os
arquétipos têm dois polos. Por meio do polo positivo, ele se manifesta nas
atividades criativas e nas fontes de inspiração, levando o indivíduo a ter
experiências de revelações, iluminações. Jesus utilizou símbolos nobres
arquetípicos da época de sua pregação, a fim de imortalizar suas propostas,
conta Carrijo.
Já pelo polo negativo do arquétipo, a
pessoa pode demonstrar atitudes de rigidez, de fanatismo e pode até desenvolver
uma possessão. Nestas situações, a pessoa é dominada, não raciocina. Nesse
momento, o arquétipo invade a consciência e toma o lugar do ego.